Carijó em Poesia (Para sempre Adelaide)
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| "Carijó, a Dama do Centenário de Além Paraíba" Escultor José Heitor da Silva Foto: entrefotoseletras |
Nasceu do ventre
feito flor nativa
que se ainda iria nomear.
Sua pele de barro antigo,
os olhos, de carvão,
às vezes eram também de brasa
com chispas de aflição.
Era Dona Adelaide só,
antes que as ruas a chamassem
do codinome “ Carijó”.
Pelas ruas vagava,
seu apelido ouvia a ressoar
entre risos soltos a debochar.
Respondia com fúria
de quem sangra por dentro
e prefere não se calar.
Com o passar do tempo
e o avançar da idade,
ela cruzava a cidade,
não para pedir esmola,
para colher quem sabe
migalhas de humanidade.
Daí em diante só lamento,
até que o asilo lhe serviu de alento,
repouso e esquecimento.
Mas há quem a veja com olhos de flor:
a poeta Alice Mara,
com versos de ternura,
lhe devolve o brilho sem dor,
resgatando o fio de formosura
e a pureza do ser mulher.
O artista José Heitor
a define numa escultura,
delineando na figura
a força de existir.
Podemos ver na “Dama”
a dignidade brotar,
que nem o tempo,
nem o codinome,
nem a dor
conseguiram apagar.
Leitura do poema
Qualquer parte deste blog pode ser compartilhada, desde que citada a fonte:
entrefotoseletras.blogspot.com


Parabéns!
ResponderExcluirSérgio Costa
Obrigada pela oportunidade de participar dessa homenagem à "DAMA" através de versos. Angela Monteiro
ResponderExcluirLindo demais esses encontros de pessoas que amam Além Paraíba 👏🙏🌻🥰
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